Sustentabilidade 2 – Vamos continuar refletindo sobre este tema…
Já conhecemos o conceito de sustentabilidade. E falar de sustentabilidade e em especial de cidades sustentáveis, passa necessariamente por uma reflexão de como tratamos o nosso consumo e o descarte dos resíduos que produzimos diariamente.
Não temos como alcançar o título de cidade sustentável se não tratarmos do consumo e do descarte dos resíduos de forma correta, já que este é um dos principais desafios das cidades.
Para se ter uma ideia do que estamos falando, só na cidade de São Paulo segundo um levantamento feito pela prefeitura, em 2017, foi produzido cerca de 3.763.592 toneladas de lixo, sendo certo que apenas 7% deste volume foi reciclado sendo que deste total poderiam ser reciclados cerca de 40% dos resíduos descartados.
Mas como poderemos ser sustentáveis no descarte dos resíduos, colaborando com o aumento do volume de resíduos a serem reciclados e com a diminuição dos resíduos descartados?
Há tempos na minha casa venho adotando a separação dos resíduos, separando em dois cestos: um com o lixo comum (orgânico) e outro com os resíduos recicláveis, mas vira e mexe me deparo com algumas dúvidas se de fato estou fazendo o descarte dos resíduos de forma correta e acredito que esta seja uma dúvida muito comum.
Antes de entrarmos nesta questão é importante destacar que a atitude sustentável quanto ao descarte dos resíduos sempre passa pelos famosos “Rs”.
Repensar: devemos sempre repensar se realmente precisamos comprar aquele produto, pois cada ação nossa de consumo reflete imediatamente no meio ambiente;
Recusar: devemos recusar a compra de produtos que sejam desnecessários, ainda que tenham baixo custo, e aparentemente nos traga algum conforto ou comodidade, será que é necessário colocar mais embalagens em um produto que já vem embalado?
Reduzir: Muitas vezes nossa ideia imediata diante de um produto quebrado é descarta-lo, mas será que para o meio ambiente não é melhor consertá-lo?
Reusar: sempre que possível devemos reutilizar embalagens, embalagens de vidro e de plástico por exemplo deste que não contenham produtos tóxicos podem ser reutilizados em nossas casas para armazenar outros produtos;
Reciclar: Passando por todos os “Rs” anteriores se o resíduo realmente deve ser descartado devemos fazer este descarte de forma correta, separando os resíduos comuns daqueles que poderão ser reciclados ou transformados.
E é aí que vem diversas dúvidas na hora de separar estes resíduos: O que é reciclável e o que não é?
Utilizando as informações trazidas pelo site “recicla sampa” passamos a apresentar um breve resumo prático e algumas informações que poderão facilitar esta tarefa sustentável:
Lixo comum: Além dos resíduos como restos de comida, são também lixo comum ou resíduos que não podem ser reciclados e devem ser encaminhados, a princípio, para os aterros sanitários, os seguintes resíduos: folhas secas, bitucas de cigarro, papéis higiênicos usados, papéis toalha usados, fraldas, absorventes, algodões, esponjas de limpeza, esponjas de aço, panos, cosméticos, retalhos e tecidos de pano, papéis adesivos, embalagens plásticas metalizadas( embalagens de salgadinhos, biscoitos, sopas instantâneas, barrinhas de cereais, rótulos de garrafas PET, ovos de páscoa, batata palha, e muito mais), fitas adesivas, papéis vegetais, papéis celofanes, papéis encerrados, papéis impermeáveis, papéis carbono, papéis sujos, papéis revestidos de parafina, papéis revestidos de silicone, cristais, óculos, fotografias, negativos de filme, isopor, IVA, plásticos termorigidos como tomadas, cabos plásticos de panelas, plásticos utilizados em aparelhos eletrônicos.
Cabe destacar que quanto à alguns destes itens, o fato é que em alguns países já se consegue reciclar tais materiais, como ocorre no Canadá e Reino Unido, por exemplo, que já conseguem reciclar fraldas e absorventes descartáveis.
E alguns países também já possuem tecnologia para utilizar estes plásticos não recicláveis ou de difícil reciclagem devido a sua composição, na chamada reciclagem energética, que é a transformação deste material em energia (o que ocorre no Japão), entretanto no Brasil ainda não temos esta tecnologia e sim apenas alguns estudos e experimentos.
Cabe informar que entre estes resíduos, no entanto, destacamos que alguns poderão ter um fim melhor do que os aterros sanitários, conforme vemos abaixo:
Folhas secas, cascas de frutas (exceto as acidas), verduras, folhas, vegetais em geral e borra de café, poderão ter um destino mais nobre caso possam ser destinados a compostagem, que é a técnica de transformar estes resíduos orgânicos em adubo.
Ainda entre estes resíduos, tecidos e roupas também podem ter um destino melhor, já que poderão ser reutilizados na fabricação de outras roupas e artesanatos, na cidade de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, há algumas iniciativas que permitem a reutilização destes resíduos como os chamados BANCOS DE TECIDOS (em São Paulo, localizado na Vila Leopoldina), locais que permitem a doação, troca e compra de tecidos que seriam descartados no meio ambiente, existindo ainda inciativa de algumas empresas da doação de meias para a fabricação de cobertores para pessoas carentes.
Também quanto aos óculos, podemos antes de descarta-lo pensar na reutilização das armações ou mesmo na doação destes óculos para pessoas carentes, já em relação as lentes a princípio ainda não há tecnologia para a reciclagem destes materiais.
Ainda neste item de descarte de produtos, quanto aos cosméticos destacamos que quando se tratar de cosmético liquido estes poderão ser descartados na pia em direção ao esgoto, quantos aos sólidos e líquidos poderão ser descartados com o lixo comum com destino aos aterros sanitários, e quando aos esmaltes e solventes, estes devemos procurar descarta-los em locais adequados pois as tintas e solventes são extremamente poluentes e devem ser descartados seguindo a orientação do fabricante. Ainda quanto a este item as embalagens de plástico e de vidro quando não puderem ser reutilizadas poderão ser separadas para reciclagem sendo certo que algumas empresas tratam de logística inversa. As lojas da M.A.C., por exemplo, trocam seis embalagens plásticas vazias por um batom. A Lush dá uma máscara fresca para 5 potes vazios de seus produtos. Já o Boticário e a Risqué disponibilizam pontos de descartes em suas lojas.
E quais os resíduos que podem ser reciclados?
A lista é extensa, mas devemos tomar alguns cuidados ao separar estes resíduos conforme veremos abaixo:
Embalagens PET, embalagens longa vida, embalagens de produtos de limpeza, embalagens de produtos de higiene, embalagens de frutas, legumes e ovos, tampas e potes plásticos, pratos e talheres de plástico, canudos plásticos, baldes e bacias, sacos e sacolas de plástico, brinquedos de plástico, utensílios de cozinha de plástico, escovas de dentes, escovas de cabelo, parte externa de canetas, produtos feitos de acrílico, madeiras, móveis, metais.
Em geral os resíduos separados para a reciclagem devem estar parcialmente limpos, livres de substancias orgânicas, mas não é preciso gastar água para isso, pois a ideia é utilizar a agua da lavagem de loucas e roupas para fazer este pré-higienização antes do descarte no lixo a ser reciclado.
Em relação à outros materiais e produtos que são comumente descartados por nós, temos que fazer o descarte de forma especial, em pontos de coleta específicos a fim de que estes materiais não contaminem o solo e possam ser reciclados, sendo eles: resíduos de construção, eletrodomésticos, MP3, aparelhos de áudio, celulares, ferro de passar roupas, carregadores, câmeras e filmadoras, monitores, microondas, linha branca, secadores e pranchas de cabelo, notebook, CPUs, lâmpadas fluorescentes, pneus, pilhas e baterias, óleo de cozinha, entre outros.
O site “ecycle” e o site da prefeitura de São Paulo “recicla sampa” conta com o cadastro de locais apropriados para que possamos fazer o descarte correto dos materiais especiais que podem ser reciclados e dicas interessantes para adotarmos na busca de atitudes sustentáveis em relação aos resíduos que produzimos.
Assim, é fácil começar …vamos repensar o nosso consumo, reutilizar e reciclar os resíduos pois certamente a prática destas atitudes sustentáveis serão retribuídas pelo ambiente com o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis e com mais qualidade de vida.
“Glaucia Bueno Quirino – MBA – Gerente para o desenvolvimento sustentável pela Formaambiente – Nápoles, Pós graduada em direitos difusos e coletivos pela escola superior do ministério público de São Paulo, Membro da comissão de meio ambiente e sustentabilidade da OAB subseção de Santo André e advogada no escritório Cristo Constantino e Advogados Associados”.
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