TRABALHO E (SUA) COMPANHIA
É provável que você já tenha me ouvido contar que em minha infância o sustento de nossa casa chegava através do trabalho de meu pai (que já era bem velhinho naquela época), vendendo biju na rua.
Por este motivo, a nossa oração (minha e de minhas irmãzinhas) a Deus era para que não chovesse, porque sem chuva nosso pai trabalhava, vendia o biju, ganhava dinheiro e trazia o sustento para o nosso lar.
E, misteriosamente, nossa oração sempre era ouvida, porque nunca faltou o pão de cada dia em nossas vidas.
Anos depois, quando já era adulto, uma amiga, que se chama Sandra, tem mais ou menos minha idade e que morava na mesma cidade que nós, contou-nos que quando era criança, a oração dela e de seus cinco irmãozinhos era para que chovesse muito, pois seus pais traziam o sustento para casa consertando e vendendo sombrinha e guarda-chuva!
E, espantosamente, ela também afirmava que as orações dela sempre eram ouvidas, porque nunca faltou a chuva que eles pediam e, consequentemente, nunca faltou a comida em sua mesa.
Compartilho com você esta doce passagem de minha infância porque acabo de completar QUARENTA ANOS DE TRABALHO!
E, ao passar os olhos por esta longa jornada, constatei que este foi o exato roteiro de minha história de vida, porque lá estava o Senhor de todos os destinos humanos, regendo o tempo e as estações para que se alternassem o Sol e a chuva, o Verão e o Inverno, a brisa e a tempestade, de modos que tudo acontecesse no tempo e no modo apropriados.
Constato que desde o primeiro dia Deus já assumira o papel de sócio majoritário de minha vida, vitaliciamente, usando e abusando de seus atributos de onisciência, onipotência e onipresença e as lambanças que cometi nesta trajetória (e elas foram inumeráveis), certamente ocorreram porque descumpri o manual de procedimentos de nossa sociedade.
Você pode estar se perguntando o que que tem a ver com tudo isto, e eu respondo prontamente:
– O sócio majoritário me conhecia desde o útero de minha mamãe, e sabia, mais do que ninguém, da fragilidade de minha estrutura e da absoluta impossibilidade de eu me conduzir sozinho por este mundo de incertezas e múltiplas possibilidades.
– E por esta razão me cercou das melhores companhias que eu poderia ter: tive os melhores mentores e chefes, assim como, os melhores colegas de trabalho e de sala de aula, colaboradores, clientes, parceiros e alunos que alguém possa almejar.
Assim, se é verdade que me considero bem-aventurado e bem-sucedido (e isto não tem nada a ver com o dinheiro que ganhei ou deixei de ganhar), posso afirmar, também, que a minha história tem uma quantidade infindável e infinita de coautores, porque nela não existe uma linha sequer que não tenha sido escrita sem a orientação e o auxílio, o suporte e até a cumplicidade das pessoas que cruzaram minha jornada.
Convido você, portanto, a fechar os olhos neste momento, dar asas à imaginação, e veja-se, e sinta a emoção de assinar comigo, o livro de minha história de vida, e receba, em tua conta corrente espiritual, a mais significativa das cota a título de direitos autorais.
Obrigado! Obrigado! Obrigado!!!
Que venham os próximos quarenta anos, e que Deus, em sua infinita misericórdia, me conceda a honra e o privilégio de continuar contando com tua companhia nesta jornada.
“Ismael Vieira de Cristo Constantino – Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC de São Paulo, professor em programas de graduação e pós-graduação e advogado no escritório Cristo Constantino e Advogados Associados”.
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