SAÚDE MENTAL
Em tempos em que muito se fala de produtividade e competição no mercado de trabalho, em que a maior parte dos empregados almejam ascensão profissional e os empregadores buscam alto rendimento, importante lembrarmos da máquina sem a qual nada disso é possível, o corpo, incluindo, a mente.
Parece irrisório e muitas vezes são deixadas de lado, mas as doenças neuronais são consideradas as doenças patológicas do século XXI, e são ligadas diretamente a perda de saúde física, mental e também financeira.
Conhecidas como as dores invisíveis, são listadas a depressão, estresse e ansiedade. E no campo do excesso de trabalho, foi reconhecida a chamada Síndrome de Burnout.
Apesar de descoberta há décadas, a Síndrome de Burnout tem sido uma discussão recente no Brasil. Segundo a International Stress Management Association (ISMA), a doença já atinge cerca de 30% dos brasileiros, e 4% da população mundial, notando que, o Brasil é o segundo do ranking, ficando atrás somente do Japão, passando a ser considerada até mesmo uma doença ocupacional (CID – 10).
Isso se dá principalmente pela constante preocupação do empregado em manter o trabalho, precisando demonstrar diariamente produtividade, como também do empregador que detém a responsabilidade de sustentar a empresa, que diante do cenário de crise econômica gera uma cobrança incessante por melhores resultados de ambas as partes. Em consequência, o indivíduo fica em um estado de exaustão emocional, mental e também físico diante deste estresse excessivo e prolongado que tem no trabalho.
Cabível destacar alguns fatores que geram essa patologia, como o sentimento de exploração, desvalorização, insatisfação, sobrecarga, nível alto de exigência o tempo todo, problema de relacionamento com os colegas, superiores e clientes, falta de tempo para si próprio pela rotina profissional desgastante e ademais.
Os sintomas se diferenciam pois tem início na seara das emoções, com sentimento de falta de esperança, engajamento, pode apresentar comportamentos de agressividade, isolamento, confusão interior, desânimo, podendo gerar a depressão, além da possibilidade de ulteriores sintomas físicos, como dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, dores musculares, insônia, etc, e por isso é necessária a procura por ajuda profissional para um diagnóstico e tratamento adequado.
Os especialistas recomendam fundamentalmente a mudança do estilo de vida. É preciso um equilíbrio pessoal e profissional, para não sobrecarregar e adoecer, ou viver a base de medicação.
Em Congresso realizado pela FIESP neste mês de julho de 2019, com o tema “Bem-estar e felicidade”, a equipe Cristo Constantino & Advogados Associados pôde aprender valiosas lições, com os mais diversificados profissionais de renome que abordam este importante assunto.
Dentre eles, a jornalista Izabella Camargo compartilhou a experiência de ter a referida Síndrome de Burnout, contando sobre os sintomas, tratamentos, consequências e principalmente atitudes pelas quais precisamos zelar, que são simples, e estão nos detalhes, como por exemplo dormir, mas que é tão precioso, dando descanso para o corpo e para a mente.
A indiana Preethaji, que é co-fundadora da One World Academy (OWA), guia de líderes de 128 países, ensinou que através da meditação é possível desenvolver a habilidade de direcionar os problemas.
No mais, Matheus Silva, CEO das Cuidas, e Gunther Krahenbuhl, sócio fundador do Cartão Saúde, apresentaram que é preciso alinhar incentivos, para que as empresas tenham menos gastos com a perda da saúde dos empregados, que é o segundo maior problema dos departamentos de recursos humanos, bem como para que os empregados não adoeçam e trabalhem estimulados. Citam como exemplo empresas que dão bônus pela boa saúde do funcionário, além disso, empresas que despendem 20% do tempo de trabalho para que o funcionário possa realizar atividades ligadas ao seu bem-estar, que acaba sendo mais vantajoso do que arcar com sua perda de saúde.
Caminhando para o fim, Sâmia Aguiar, psicóloga e mestre em Neurociência e Comportamento pela psicologia da USP e Claudia Faria, fundadora da Yoga Adventure, deram uma aula de inteligência emocional, de como lidar com os desafios e emoções no cotidiano, para que não impactem de forma negativa na vida e na saúde física e mental.
Acrescentaram que é necessário aprender melhores formas de sentir, se emocionar, e consequentemente de agir, e isso é possível por meio do autoconhecimento, motivação, empatia, dentre outros, e ensinaram métodos valiosos para tanto, como a meditação mindfulness, escrever as emoções, fazer terapia, ressignificar experiências, demonstrar gratidão, praticar yoga, respirar conscientemente.
Portanto, além do cuidado para com a saúde física, através da pratica de exercícios físicos e alimentação saudável, é necessária a mudança de paradigmas, para cuidar também da saúde mental, em razão de serem diretamente correlacionadas com a saúde financeira.
Lívia Cruz – Advogada no Escritório Cristo Constantino e Advogados Associados.
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