Paz de Espírito, Equilíbrio, Missão do Advogado e Gestão do Dinheiro
Em abril se completaram vinte e sete anos que comemorei, com os amigos da “Turma Dirceu de Mello”, vinte e sete anos da Colação de Grau no Curso de Direito, ocasião em que nos reunimos em um evento extremamente festivo no Palácio das Convenções do Anhembi e, por absoluta generosidade de meus colegas, fui honrado com o privilégio de fazer o discurso que representava o nosso momento.
É verdade que muita coisa mudou desde aquele evento memorável: Nosso paraninfo, Professor Peluso, se tornaria Ministro do Supremo Tribunal Federal, o Professor Michel Temer, que compunha a mesa dos homenageados, se tornaria Presidente da República, e a Internet surgiria e reinaria soberana, revolucionando o mundo e todas as carreiras profissionais, de modo que nem o conservador mundo do Direito ficaria alheio a esta revolução.
Porém, ao voltar ao discurso proferido naquela ocasião, senti um misto de surpresa e desconforto ao constatar que as preocupações, temores e ansiedades que assaltavam a carreira dos advogados e futuros advogados continuam as mesmas, apesar de tantas mudanças ao nosso redor.
Constatava, naquela ocasião, que algumas coisas eram absolutamente inevitáveis, como, exemplificativamente, o nosso festivo nascimento estar, desde já, condenado a um luto doloroso para aqueles que permanecessem após nossa partida, porém, entre um evento e outro, assumíamos, naquela comemoração, o compromisso de empregar todo o nosso conhecimento, a nossa energia e nosso vigor, para lutar por um mundo onde prevalecesse o equilíbrio e a paz de espírito entre os homens.
E, ao realizar um passeio pela memória percebo que são vários os motivos pelos quais as pessoas perdem o equilíbrio e a paz de espírito e pretendo retomá-los, oportunamente, neste espaço, mas dialogarei com os amigos sobre um dos motivos, que tem me convidado a constantes reflexões: a forma como (não) administramos o dinheiro.
Vocês poderão perguntar o que, afinal, a boa, ou má administração do dinheiro teria a ver com o Direito e, eu respondo, sem titubear, que ambos estão intimamente ligados, pois, a gestão do dinheiro, ou a sua falta, é causa de mais de cinquenta por cento dos divórcios ocorridos no Brasil, assim como, motivo pelo qual milhares de processos são levados ao Poder Judiciário todos os dias e, processo, lembro aos amigos, é um ladrão da paz de espírito e do equilíbrio.
Retomo, assim, este assunto, e tomo a liberdade de propor, abaixo sugestões simples, mas, comprovadamente eficazes que contribuirão para a sua paz de espírito e equilíbrio, através de uma melhor gestão do seu dinheiro:
As sugestões abaixo aliam nossas experiências pessoais sobre o assunto, bem como, foram extraídas de um livro muito interessante, editado pela EDIOURO, chamado “O homem mais rico da Babilônia”, escrito por George S. Clason, que você não pode deixar de ler.
A primeira etapa é aprender a separar dez por cento de todos os seus recebimentos (salário, gorjeta, mesada, comissão, décimo terceiro, férias, aposentadoria, pensão…) antes de efetuar qualquer gasto.
Impossível? Nossa experiência permite assegurar que é muito menos difícil do que parece, pois, dez por cento é o suficiente para não pesar em suas necessidades mensais, ou, em outras palavras, você mal perceberá que separou este numerário.
O segredo desta iniciativa, porém, é outro: embora a quantia pareça baixa, ao vê-la acumular-se no banco e acrescida dos juros e correção monetária, servirá de grande estímulo para que você continue fazendo o necessário esforço para poupar e o estimulará a pensar duas vezes antes de gastar com supérfluos, afinal, pesquisas noticiam que boa parte de nosso dinheiro é gasto com compras inúteis.
A segunda etapa é o destino que daremos ao dinheiro economizado: o “homem mais rico da Babilônia”, no livro acima, ensina que “cada moeda economizada é um escravo que pode trabalhar para você. Cada centavo que esta moeda produzir torna-se um filho apto a levantar mais fundos”. A sugestão, neste item, é aconselhar-se com um conhecido que, sabidamente, tenha boa experiência na administração de suas economias: aconselhe-se sobre ações com um administrador de fundos de ações, trate sobre jóias com um joalheiro e construção de imóveis com um empreiteiro experiente.
A terceira, e mais difícil das etapas consiste em não colocar o coração no dinheiro acumulado, não permita que a arte de administrar bem o seu dinheiro se transforme em uma obsessão que o torne cego para as demais necessidades humanas, o respeito às pessoas que nos rodeiam e o amor ao próximo não podem ser desprezados, não são incompatíveis com uma correta administração do seu dinheiro e, certamente, não retirarão de você a paz de espírito, tão necessária a todos os seres humanos, ricos, pobres ou remediados.
Se você se interessou pelo discurso de formatura, proferido em abril de 1992, poderá acessá-lo clicando aqui:
https://1drv.ms/b/s!Arfz9J5oGeiCg7BNOy_274jq6SsS2g